Um artigo meu foi publicado no site Evangelho Inegociável, basta clicar no link para ser direcionado para lá e poder fazer sua leitura.
http://www.evangelhoinegociavel.com/didatica-da-pregacao-parte-1/
Professor Rogério Penna
Seja bem vindo ao meu blog, é um prazer ter você aqui para acompanhar os textos publicados. São minhas reflexões, relatos de vivências e experiências filosóficas e do dia a dia de um professor de Filosofia e cristão. Dúvidas e o espanto Filosófico caracterisco de quem busca conhecer e pensar sobre nossa vida cotidiana. Buscando servir a Deus com meu trabalho, dom que Ele me deu. Espero que você aprenda conosco e aprendamos e cresçamos juntos. Vamos "Pensar Juntos Filosofia"
segunda-feira, 8 de outubro de 2018
domingo, 19 de agosto de 2018
A razão acaba? Ela serve ao cristão?
A razão acaba? Ela serve ao cristão?
Nesta sexta-feira, 17 de agosto de 2018,
estava dando aula para uma 3ª série do ensino médio, a aula era sobre a “Justa
desigualdade para Platão”[1],
faz parte do currículo do estado de São Paulo esse conteúdo, logo não era minha
a intenção, mas o como ensinar a respeito eu sou o autor sem dúvida.
Para entender o que significa isso é
preciso entender que Platão, pensa a pólis
como a anima ou alma do ser
humano. Quer dizer que Platão divide a cidade em três partes, como ele fez com
a alma, da seguinte maneira:
- A alma está dividida em parte concupiscente,
aquela que é responsável pelas nossas necessidades básicas, fome, sono, sede,
reprodução, além do ser humano todo ser vivo a tem.
- Outra é parte iracivel, é a parte
responsável pela sobrevivência frente aos perigos, os seres vivos também tem
essa parte para sua proteção, uma cascavel não faz ataques gratuitos, mas sim
apenas na intenção de se proteger.
- Finalmente a outra parte da alma é a
alma racional, responsável pelo controle das outras duas e organiza nossas
ações e reações, por exemplo nos ajudando na hora que sentimos vontade de usar
o banheiro, não o fazemos em qualquer lugar, mas procuramos um lugar
apropriado, não saímos por ai atacando as pessoas, mas acabamos usando a agressividade
em nossa defesa – mesmo que alguns usem ajam erradamente e usam a força para
reprimir e violentar o outro em sua dignidade.
Dito isso para meu alunos, surge uma pergunta:
“Professor, a razão pode acabar?” Parei por um instante, percebi a honestidade
da pergunta e respondi:
-
‘Não, a razão não pode nem nunca vai acabar, mas há um problema, trocarmos quem
deve controlar. A razão pode sair do controle por uma doença, o caso da
depressão, da síndrome do pânico. Momentaneamente perdemos o controle da razão
e se fosse Freud, diria que seu superego
(sua consciência repressora) assumiu o controle.
No entanto, se é uma doença relevamos,
mas nosso problema ainda pode ser maior. Voluntariamente se pode entregar o
controle da razão aos seus desejos e instintos. Atualmente – disse eu – ou talvez
sempre, as pessoas tem entregado o controle de suas ações aos seus instintos.
Você pergunta a alguém “por que fez isso?”, ela responde que fez porque teve
vontade, não pensou nas consequências,
ou seja, não fez uso da razão.
Pegaram a razão, jogaram para debaixo do
tapete, sobre esse tapete puseram um armário bem pesado para a razão não sair
dali. É como eu me sinto diante das pessoas. Sinto dor, angustia, sofrimento em
vez que uma coisa tão simples como o uso da razão e rejeitada em vista de fazer
“minha vontade”.
Se fosse Freud, ele diria que é o id (sua consciência volitiva) quem
controla a mente dos homens hoje, tudo parece ser uma questão de “suprir uma
necessidade” que na verdade não existe.’
Houve um silêncio enquanto e depois de
ter dito isso, vi algumas reações de concordância com a cabeça, percebi que essa
“pedrada” havia acertado a janela, ainda não sei, mas minha esperança é que
tenha quebrado o vidro e acertado o espelho dentro da casa.
A
razão e o cristão
A aula acabou, mas aquilo que eu havia
dito para eles voltou-se para mim com uma pergunta “e o cristão, onde cabe isso
na vida cristã?” Logo me lembrei de Paulo dizendo em Romanos sobre “culto
racional”, diz o texto “Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas
misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a
Deus; este é o culto racional de vocês”[2]. Me perguntei novamente: “Quantas
vezes uso a razão para prestar culto a Deus?”
Quero que
você saiba que não é um gnosticismo, não significa que ter conhecimento ou currículo
acadêmico é ser salvo ou glorificar a Deus. Não é isso, a pergunta que me fiz e
que te faço é: Quantas vezes eu estou racionalmente consciente da minha prática
cristã? Outra pergunta seria: “Quantas vezes não estou agindo mecanicamente,
sem sequer pensar nas minhas ações? Quantas vezes a fé cristã é controlada
pelas necessidades básicas ou pela autoproteção? E eu creio que nenhuma dessas
duas seja saudável.
Sem dúvida
que nossa razão não é auto suficiente, não acredito nisso, pois, como herdeiros
do pecado de Adão estamos sujeitos a uma mente limitada, incapaz de compreender
as maravilhas de Deus, bem como os malefícios do pecado sobre nós. A própria
queda de Adão e Eva foi a superação do controle racional pela vontade (parte
concupiscente, id), além de querer
vencer o que julgou repressor (outo proteção, superego), colando de lado a sua razão que conscientemente sabia
que não deveria comer o fruto, pois os mataria[3].
Depois da
queda, a razão humana fica enuviada pelo pecado, que agora o impede de ver
claramente, tal qual a neblina numa manhã de inverno ou a noite sem luar, somos
tomados agora por instintos que nos levam ao descontrole, ao desequilíbrio, a
irracionalidade. Quando os homens decidem fazer só o que lhes dá vontade, o
outro sofrerá as consequências.
Não me
lembro com exatidão, mas me lembro de Rousseau, querendo falar sobre a formação
da sociedade e das leis, ele afirma que ser guiado pelos instintos não é
liberdade, é escravidão, a verdadeira liberdade está em criar leis pelo uso da
razão e as obedecer, já que ao cria-las decidimos por elas não mais por
instinto[4].
Rousseau
não é cristão nem estava pensando nisso quando escreveu essa ideia, contudo,
pensando sobre o “culto racional” me recordo disso e não é possível não liga-la
a fé cristã, Paulo nos lembra que antes de Cristo éramos escravos pecado
(romanos 6) e que agora por meio do sacrifício de Cristo devemos obedecer a
Deus, nos submetendo as Suas leis.
Voltando a Platão,
seria dizer que nossa parte racional estava aprisionada por causa do pecado e
que agora em Cristo ela é livre para controlar as outras duas, o versículo
seguinte ao citado no inicio dessa seção diz Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes
de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus[5].
O culto
racional exige uma mudança de mente, ou seja, não mais obedecer a parte
concupiscente ou iracivel de nossa alma, mas obedecer a nossa parte racional,
liberta por Cristo, para a obediência a Deus e suas leis.
Me recordo
do livro de John Sttot, Crer é também
pensar[6], e penso como
podemos não saber porque temos fé em Cristo. Como podemos dizer que somos
cristãos quando nossa ação não reflete a Cristo, e digo isso como uma reflexão
pessoal, pensando em todas as vezes que não agi como deveria fazer,
simplesmente por que quis fazer do meu jeito, sem pensar.
Mudança de
mente, mudança de atitudes a conta e resultado são esses. Não podemos colocar
nossa razão embaixo do tapete, ser cristão é algo que se faz com a razão, não
por Espirito Santo, o Espirito não é guia de “cristão instintivo”, Ele guia
cristão que é controlado por sua razão.
Seja você um não cristãos, essas ideias
também se aplicam a você, concorde ou não, você foi feito a imagem Dele, a
morte de Cristo na cruz também foi para que você, crendo, seja salvo, volta de
Jesus descrita em Apocalipse também vai envolver a sua presença. Talvez você olhe
e não veja razões que agradem a você, já que irão sim, limitar você, mas esse
limite vai colocar você em um equilíbrio racional, você não seja mais
controlado (ou descontrolado) pelos seus desejos e instintos. Seguir a Cristo é
uma escolha que passa sem dúvida pelo crivo da razão. De ao menos o beneficio
da dúvida.
- Reflexões de um professor sobre o papel de ser professor
- Ser professor é obedecer ao segundo mandamento
Outras reflexões
- Pensamento e Ação
segunda-feira, 6 de agosto de 2018
Ser professor é obedecer ao segundo mandamento
Ser
professor é obedecer ao segundo mandamento
No
Brasil, cada vez mais tem se tornado difícil ser professor. Na maior parte do
país, a estrutura ou qualidade do ambiente do trabalho tem piorado. Não tem
havido condições suficientes para o exercício pleno do magistério. É certo que
há sim locais em que os professores tem excelentes condições, e talvez nesses
lugares ser professor é um fardo menos pesado e não diminui a maravilha que é
ser professor.
Não
quero, também, com esse texto fazer uma ode ao sofrimento do trabalho do
professor, romantizando e glamurizando o trabalho em locais difíceis. Mesmo que
para expor minhas ideias eu use exemplos desses locais difíceis. Seja onde for,
o trabalho do professor é obedecer ao segundo mandamento.
Quando
digo segundo mandamento estou me referindo ao texto bíblico que relata o diálogo
de Jesus com os fariseus[1].
Nessa conversa Jesus é questionado sobre qual seria e o maior mandamento da
Lei, Jesus responde que o maior mandamento é amar a Deus de todo o coração, alma
e entendimento, em seguida emenda que o segundo mandamento é “ame a seu próximo
a si mesmo”.
Oras,
o que significa isso então na vida do professor? Primeiro quero que você pare
por um instante e pense: “eu me amo?”, “possuo amor próprio?”. A primeira coisa
para que eu seja capaz de amar a outro é amar a mim mesmo, não no sentido egoísta
e individualista, mas enquanto cuidado de mim. Só podemos dar aquilo que possuímos,
como dizia um estória que li, “a xicara sacudida só derrama o que tem dentro
dela, se for café, derrama café, se for chá derrama chá”. Sendo bíblico, “a
boca fala do que o coração está cheio[2]”,
logo, a pergunta é: Seu coração está cheio de que? Será isso que você transbordará
e derramará.
Segundo,
quem é meu próximo? Em se tratando do professor, seu próximo são as pessoas com
quem você trabalha, ou seja, seus colegas de trabalho, mas principalmente o
aluno. O professor de educação infantil e anos iniciais do fundamental, passam
em média 25h com seus alunos em sala, os professores do ensino fundamental e
médio passam de 2 a 64h/aula (no caso de ser da rede publica estadual, a lei
permite 64h/aula para os que tem acumulo de cargo na educação).
No
entanto, independente do numero de horas que um professor passa dentro de sala,
ser professor é obedecer ao segundo
mandamento. Pense comigo, o professor é alguém que dedicou alguns anos, 3
ou 4 anos, estudando exclusivamente o conteúdo de sua disciplina, estagiou,
entrou na sala “cru”, faz capacitações, buscou especializar-se, lê, estuda,
gasta tempo em sua casa preparando aula. Isso tudo para quem? Para o seu aluno,
seu próximo. Ter em mente isso, faz do trabalho do professor, especialmente do
cristão, obediência a Deus e ao seu mandamento.
Lecionar
é, ao meu ver, a segunda maneira de expressar o amor no seu sentido ágape[3],
ou seja, um amor incondicional. Quero dizer que o professor não coloca condições
para realizar o seu trabalho, ele prepara a aula para todos seus alunos. Para os
que ele sabe que tem interesse, os que se interessam pouco e os que não
apresentam interesse também estão em mente quando o professor prepara sua aula.
Esses últimos acabam sendo os que mais dominam os pensamentos do professor que
se questiona: “o que posso fazer para ele se interessar?”.
Nesse
ponto ele é expressão do mandamento, pois, amar o próximo no mandamento denota
a ação de amar a todos. Vejamos, amar os que te amam, que não exige nada de
você e é fácil, basta corresponder o amor que você recebe. Amar quem não te
ama, o que também não é difícil, mesmo que seja frustrante não ter seu amor
correspondido. Outro é amar quem é desconhecido, o que também não é difícil,
haja vista que você não conhece as falhas do outro. E aquilo que caracteriza como
incondicional, amar aquele que não gosta de você. Esse é o público que todo
professor tem diante de si.
Ser
professor não é dar aulas apenas para ouvintes atentos e cheios de curiosidade
pelo conteúdo que você tem para compartilhar. Aí está outra característica do
trabalho de professor que o coloca como obediente ao segundo mandamento, você
compartilha o que você tem, no caso, seu conhecimento.
Na
maioria das vezes você se depara com um publico pouco ou nada receptivo ao que você
tem a dizer, tendo que conquistar a atenção dos seus ouvintes. Pode ser em
minutos, logo que começa a falar e se apresentar. Podem demorar algumas aulas,
e tristemente, devo admitir, pode ser que nunca aconteça. Mesmo assim o
professor está ali para obedecer ao mandamento de amar ao próximo como ele se
ama. Dar o mesmo tipo de atenção e valor que dá para si mesmo. Cuidar como
cuida de si, zelar como zela por si, nutrir como se nutri, compartilhar o que
lhe foi partilhado.
Já
parou para pensar naqueles professores que lecionam embaixo de árvores, em prédios
de taipa, em barracões. Professores que caminham, nadam, remam, pedalam horas, quilômetros
para chegar no seu local de trabalho e lecionar, aqueles que trabalham em zonas
de conflito armado. O que os faz ir para o trabalho senão o amor pelos que faz
e pelos seus alunos? Não é uma questão financeira, não é status social, nem
reconhecimento. No caso do Brasil e em outros países, os professores da educação
básica (publica) são mal remunerados. No Brasil não é status ser professor,
muitas famílias não incentivam e até se opõem quando o filho opta por ser
professor. Consequentemente não haverá reconhecimento do poder publico, dos
pais, dos alunos e de muitos pares que compartilham com o professor o trabalho.
Apesar
de toda dificuldade, inclusive apesar das facilidades (que podem levar a
acomodação), ser professor é obedecer ao
segundo mandamento. Ser professor é amar ao próximo como a si mesmo. É
semelhante ao amor de Jesus por sua Igreja. É sacrificial, é incondicional, é altruístico,
é ágape.
Alguém
deve pensar, nem todo professor é assim. Minha resposta é sim, verdade nem
todos são assim, uns não reconhecem assim sua profissão, outros não amam mesmo,
outros é como se fosse um “bico”, temporário até outro trabalho melhor. Mas
lembre-se, estou falando do PROFESSOR, esse que citei antes são na verdade
profissionais da educação, um profissional da educação não é professor, nem
nunca será enquanto não amar o que e a quem faz. Eles precisam mesmo é de
ajuda, para não tratar seus alunos como coisas inanimadas e passivas, invés de trata-los
como pessoas.
Hoje
sou coordenador de uma escola, observo que meu trabalho deve seguir a mesma
lógica, a de amar meu próximo, expandindo a noção de “próximo” para além dos
meus alunos, para com os professores e pais de alunos da escola na qual atuo
como Professor Coordenador Pedagógico. Percebo algo ainda mais profundo, a
afirmação de que “quer comais quer
bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus”[4].
Como é bom poder obedecer a Deus em muitos
aspectos com meu trabalho, espero que você possa perceber quão precioso é o
trabalho do professor, quem sabe o seu trabalho, seja você leitor um professor
ou não. Se você nunca parou para pensar nisso que acabou de ler, deixa eu te
contar: em 10 anos como professor eu nunca pensei assim, tive de completar esse
tempo de magistério, passar por algumas situações e só dai me tocar dessa
maravilha.
Apesar de toda dificuldade na tarefa de ser
professor não se esqueça: SER PROFESSOR É
OBEDECER AO SEGUNDO MANDAMENTO, AMAR AO PRÓXIMO COMO A MIM MESMO. Só que
não deixe de amar-se. Encha-se daquilo que deseja transbordar.
[1]
Mateus 22:34-40 e Marcos 12:28-34
[2]
Mateus 12:24
[3]
No grego temos pelo menos quatro tipo de palavras para descrever amor: eros,
philia, storge e ágape. https://en.wikipedia.org/wiki/The_Four_Loves
[4]
1 Coríntios 10:31
Assinar:
Postagens (Atom)